quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Jornalismo e Ética

A palavra “ética” provém do grego ethos e significa identidade, modo de ser, caráter, comportamento. De acordo com a Wikipédia, a definição mais atual seria "a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas" e busca explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas comuns.

Discutir ética é discutir identidade. As nossas atitudes diante da vida definem quem somos. Como ainda estamos vivos (graças à Deus), estamos em constante mutação e crescimento e vamos lapidando a nossa identidade enquanto amadurecemos. Recebemos contribuições da família, da escola, da igreja, dos amigos, dos livros que escolhemos ler e dos programas de televisão que assistimos. Nossas escolhas afetam a nós mesmos e aos mais próximos.

Quando a discussão é sobre ética profissional as coisas ficam mais complexas. O detentor de mandato eletivo, o administrador público, o médico, o professor, o jornalista: suas ações não afetam apenas a eles e aos seus.

Sem pretender “puxar a sardinha pro meu lado” - até porque neste caso seria bom estar bem longe dela – é no jornalismo que a falta de ética faz estragos mais rápida e profundamente que em qualquer outra atividade. E de uma forma perversa, pois mina uma das instituições que deveria servir ao aperfeiçoamento da democracia. Sim, a imprensa, que historicamente foi veículo de novas e libertárias idéias e ideais. Romanticamente vista como defensora da verdade e dos oprimidos e denunciadora de injustiças. Hoje, ela é um negócio. Um lucrativo negócio. 

A aura heróica há muito se dissipou. Agora, jornalista é quem trabalha num jornal.

Isso é que é crise de identidade!!! 

Se ainda é verdade que somos a epiderme da sociedade, estamos com hanseníase...

São vários os fatores que nos afundam nesta crise de identidade. Os mais evidentes são o medo (real) de demissão aos que não se adéquam ao “perfil” editorial da empresa e a mecânica da produção da notícia. A mercantilização da notícia está transformando muitos colegas em mercadorias. E tem pra todo gosto e com os mais variados preços.

É óbvio que precisamos urgentemente de momentos de reflexão. Encontros onde sejam discutidos com seriedade, baseados em princípios democráticos, sobre o papel e responsabilidade da nossa atividade profissional no tecido social, e sobre as relações de influência com outros campos , os dilemas morais que vivenciamos no desempenho da profissão. Compartilhá-las,    visando estimular a capacidade de reflexão ética e a autocrítica.

O problema é que quando estas oportunidades nos são oferecidas, não as aproveitamos adequadamente. Os profissionais que comparecem a este tipo de debate, geralmente são sempre os mesmos, com uma ou outra exceção. A platéia normalmente é composta, em sua maioria, por estudantes. Os ainda querem ser jornalistas à moda antiga. Ou não.

Falando em estudantes, os cursos de jornalismo “pipocam” por toda parte e a cada semestre teremos mais profissionais para “trabalhar em jornal”. Segundo o Prof. Dr. Rogério Christofoletti, da UFSC, o ensino de jornalismo é pouco discutido e a formação ético-profissional do jornalista, menos ainda. De acordo com uma pesquisa* realizada por ele com professores de disciplinas relacionadas à ética nos cursos de jornalismo de 19 estados brasileiros, as principais competências que um jornalista precisa desenvolver são:

Criticidade e Distanciamento

Maior capacidade de julgamento

Postura proativa, socialmente responsável

Capacidade para refletir sobre o fazer jornalístico, com tomadas de decisão seguras

Discernimento entre interesse público de restritos a grupos

Superação do jornalismo factualista, visando a um reflexivo sobre a realidade

Capacidade de avaliação do cotidiano da profissão

Capacidade de tomar decisões sobre essas situações

Capacidade de refletir sobre as consequências das atitudes

Ser competente profissionalmente sem ferir a ética.

Percepção de que a defesa da ética é uma causa política

Consciência reflexiva para realizar questionamentos éticos

Capacidade para antecipar situações de potenciais conflitos

Consciência de cidadania

Sensibilidade social e Sensibilidade ambiental

Engajamento nas organizações da profissão

Domínio de conceitos jurídicos fundamentais ao jornalismo


Se já é difícil encontrar, simultaneamente, esta competência em jornalistas veteranos, imagine nos protótipos de comunicadores que saem da faculdade achando que serão artistas de televisão.

A ética pessoal e a profissional surge do compromisso de cada indivíduo. A ética profissional do jornalista se consolida na prática de um jornalismo que promova os interesses da sociedade garantindo o exercício da cidadania, colaborando para a formação crítica de seus leitores e cumprindo sua função política - que é a cada vez menos efetiva – no aperfeiçoamento da democracia.

Adriana Cirqueira

*Mais informações sobre a pesquisa podem ser encontradas através do endereço eletrônico: http://www.scribd.com/doc/30311642/Como-se-ensina-etica-jornalistica 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Comer, rezar e amar


Considerações iniciais importantes sobre o tema

Semana passada. depois de uma reunião da Cejac (Comissão Estadual de Jornalistas em Assessorias de Comunicação) a Kelma me chamou para ir ao cinema achando que eu não iria. Aceitei e acabei segurando vela e quase a apagando com lágrimas. Mas está me rendendo um post. Coisa que já está virando caso de promessa...

Eu não li o livro, só posso falar sobre o filme. Também não entendo nada de crítica de cinema, isso aqui são só alguns comentários.

Isso pode!


A protagonista
 


Lá estava uma Julia Roberts de rugas assumidas (completa 43 anos no dia 28 - vi lá na wikipédia), encarnando uma Liz Gilbert na casa dos 30.
 
Não critico as rugas da atriz - a idade não deixou seu rosto menos belo e é uma demonstração de personalidade - e sim sua escolha para o papel, com tantas outras em idade mais adequada. Ela é linda, mas daí a passar por uma mulher dez anos mais jovem parece meio forçado.



A personagem em si não tem muita profundidade, então não sei dizer qual o grau de dificuldade para intrepretá-la. E na minha opinião, as personagens da Julia são sempre muito parecidas. Deixo essa parte para os entendedores....




Prazer, devoção e equilíbrio.

A jovem e talentosa escritora, casada e infeliz, resolve se divorciar e após outro desencontro amoroso parte em uma viagem de um ano pelo mundo em busca de si mesma. Se perder para se encontrar. Clichês. Bonitos e repaginados, mas ainda clichês. 

Visita a Itália (prazeres mundanos), a India (recolhimento e elevação espiritual) e a Indonésia (serenidade, autoconhecimento e finalmente: o amor). Nestes países, em locações belíssimas, os verbos que dão nome à história são plenamente conjugados. Com direito a namorado brasileiro (nada convincente) e tudo.

Entre os países que começam com "i", Elizabeth Gilbert não poderia ter escolhido melhor. Cultura, beleza e calor humano. Um ganho enorme pra quem começou a tratar a depressão com livros de auto-ajuda. Seria ótimo se todos nós tivéssemos condições de ter uma crise existencial - com 30 anos -  viajar pelo mundo para encontrar o equilíbrio perdido. Muitos nem se equilibraram ainda...


Fotografia





Gostei da fotografia do filme. Lindas tomadas em paisagens exuberantes e ricas em detalhes. Além da arquitetura e dos componentes culturais: pessoas, feiras, festas e animais



 Tudo muito colorido e exótico.




Sou suspeita para falar em fotografia, mas  você nem precisa ver o filme para imaginar o tipo de trabalho fotográfico que pode ser feito quando se está na Itália, na India ou na Indonésia.




 




 Este casamento indiano parece coisa de novela..
;-)







Olha só o chão desta feira em Bali como é limpinho.



Gostei das amizades inverossímeis que Liz fez pelos locais em que passou. Das tiradas irônicas e divertidas de alguns. De saber que outras se empanturram de pizza sem medo do ziper da calça jeans. De ouvir canções em língua portuguesa.


Se você consegue assistir a um filme apenas pelo entretenimento que proporciona, sem julgamentos ou intenções mais elevadas, pode ir ver o filme. 

No caso de ser uma chorona como eu leve, o lenço ou vai acabar enxugando os olhos e o nariz no ombro do namorado. 


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