domingo, 25 de dezembro de 2011

INCONTROLÁVEL



Mais um exercício para o "Escrever pra que?". Era pra gente escolher um filme inédito, assistir, escolhae um personagem e reescrever a história.


Vou deixar a ficha técnica do filme, caso alguém queira ver. Deixei as tramas secundárias de lado, já que eu estava na cabeça do Frank.


INCONTROLÁVEL (Unstoppable, EUA, 2010)
Gênero: Aventura
Duração: 98 min.
Elenco: Denzel Washington, Chris Pine, Rosario Dawson, Ethan Suplee, Kevin Dunn,Jessy Schram, Elizabeth Mathis, Kevin Chapman, David Warshofsky, Jeff Wincott, Paul Vasquez, Meagan Tandy
Compositor: Harry Gregson-Williams
Roteirista: Mark Bomback
Diretor: Tony Scott
Denzel é o típico veterano sábio com problemas de relação com as filhas e que vai abandonar o trabalho em poucas semanas; Chris Pine é o novato arrogante mas de bom coração, enrolado com problemas jurídicos. Os dois se esforçam para parar uma locomotiva descontrolada carregada de componentes explosivos .
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Eu pensei que morreria dormindo, com noventa anos de idade, sentado na minha poltrona, confortavelmente aconchegado às almofadas carinhosamente colocadas sob minhas costas por uma das minhas filhas ou algum neto adolescente. Ao invés disso, cá estou eu, acoplado de ré em uma imensa composição de quase 800 metros de comprimento, com a locomotiva número 777 desgarrada e acelerando, depois que Dewey, aquele gordo desgraçado, abandonou a cabine pra fazer sei-lá-o-quê e não conseguiu mais voltar. E, pra completar, os vagões estão recheados de cargas tóxicas e infamáveis que podem fazer milhares de vítimas. Este trem está mais pra 666 que pra 777.

Como qualquer um que vai morrer, também vou fazer minha retrospectiva: Meu nome é Frank Barnes, sou um americano negro, de meia idade, funcionário da companhia ferroviária, viúvo há 3 anos e pai de duas jovens (belas garçonetes negras do mais badalado bar da cidade – nem se atreva: elas só estão juntando dinheiro pra universidade) e cumprindo meus últimos dias de trabalho antes da aposentadoria forçada com direito a apenas meio salário. O pior que achei que fosse acontecer comigo hoje seria aturar meu novo condutor, um dos novatos-sabe-tudo que a companhia vem nos enfiando goela abaixo. Mais um dia de trabalho, só isso. Quer dizer, não tão comum assim. Perdi o aniversário da minha filha e ela está furiosa comigo. Mas vamos voltar para a história da minha iminente morte, porque se ela estiver chegando na mesma velocidade do 777, não terei muito tempo pros detalhes.

Ah, quase ia me esquecendo, sou o maluco do maquinista da locomotiva que tenta frear algumas toneladas de aço e produtos químicos inflamáveis, que podem explodir na próxima curva e levar junto tanto o velhote quanto o novato. E foram os novatos que não só deixaram o trem disparar sem maquinista, como não ligaram os freios que poderiam ser acionados remotamente. Bem que poderia ter sido um deles e não o Stuart a morrer naquela tentativa idiota de parar o trem colocando outro na frente. Para esse tipo de serviço, nós, os velhotes, servimos muito bem. Idiotas!

Até que o Will está me saindo um cara legal, apesar de ser um novato de família influente. Ele também jogou o emprego fora quando me apoiou nessa sandice de tentar parar o trem antes que ele abra um buraco no meio de uma das maiores e mais populosas cidades da região. Aqueles estúpidos dos engravatados da companhia acharam que parariam um trem carregado e acima de 100km/h com aquele dispositivo ridículo de descarrilamento. O 777 os esmagou como caixas de fósforo. O que eles sabem fazer bem é roubar aposentadorias. Foi ótimo mandar aquele vice-presidente se ferrar e fazer as coisas do meu jeito. Se não fosse morrer, estaria feliz da vida!

O freio da minha locomotiva não foi o suficiente. Viemos de ré e Will acionou o engate no último vagão, mas machucou o pé e agora está no meu lugar na cabine enquanto vim acionar os freios manuais de cada vagão. Mas não foi o suficiente. A carga sobre os freios da locomotiva foi demais, e eles explodiram. Pra piorar, não consegui saltar para o próximo vagão, a distância é muito grande. O jeito é instruir o Will a usar os freios manuais quando chegarmos à grande curva fechada. Será tudo ou nada.

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Nossa! Nem acredito que estou com meu rabo fora daquela bomba relógio! Ele fez tudo direito! Freou nos lugares exatos. Perdemos algumas cargas, mas a cidade está salva. Depois, com a ajuda de mais um dos velhotes da ferrovia, o Will alcançou a cabine do 777 e parou o monstro. Se eu não fosse morrer caso tudo isso explodisse, eu gostaria de ver como os executivos se sairiam, perdendo milhões de dólares em equipamentos, gastando outros milhões em indenizações e indo à falência com a queda das ações da companhia.

Já ia esquecendo: depois de mostrar quem é que sabe tudo sobre trens e virar um herói, ganhei meu emprego de volta e com ele garanti minha aposentadoria integral. Já fiz as pazes com minha filha e assim que der vou comprar aquela poltrona pra ir amaciando...
 

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