terça-feira, 24 de abril de 2012

Concursos Culturais sobre Drogas




A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD com o objetivo de incentivar a participação dos diferentes níveis estudantis em atividades culturais de valorização da vida e estimular a mobilização e o engajamento da sociedade nas atividades relacionadas à prevenção do uso de drogas está promovendo o XIII Concurso Nacional de Cartazes, direcionado a estudantes de 2º ao 5º anos do Ensino Fundamental; o II Concurso de Vídeo, para estudantes do 6º ao 9º anos do Ensino Médio; o X Concurso Nacional de Fotografia, o X Concurso Nacional de Jingle dirigido à população em geral e o XI Concurso Nacional de Monografia, voltado para estudantes universitários, com prêmios de até R$ 6 mil.

Os trabalhos podem ser enviados até 27 de abril. A finalidade dos concursos, realizados anualmente, é incentivar a reflexão e a discussão sobre a questão das drogas nos ambientes escolar e universitário, e no dia a dia do cidadão brasileiro.

Cartazes: podem participar estudantes do 2º ao 5º anos do Ensino Fundamental, de escolas públicas ou privadas de todo o país. São quatro categorias (2° ano, 3° ano, 4° ano e 5° ano). Serão premiados com até R$ 2 mil, três cartazes por região (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste) em cada categoria.


Fotografia: aberto a profissionais e amadores, que disputam um único prêmio de R$ 3 mil por região.










 


Jingle: voltado a músicos profissionais ou amadores e premiará com o valor de R$ 3 mil o melhor trabalho de cada região.


 







Vídeo: alunos do 6° ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, de escolas públicas ou privadas de todo o país, divididos em duas categorias (6° ao 9° ano do ensino fundamental e 1° ao 3° ano do ensino médio). O concurso premiará com o valor de R$ 3 mil um vídeo de cada região, por categoria.








Monografia: podem participar estudantes universitários matriculados em cursos de graduação das instituições de ensino superior reconhecidas pelo Ministério da Educação. Serão premiados com até R$ 6 mil os três melhores trabalhos em nível nacional.







Os trabalhos, as fichas de inscrição preenchidas com as respectivas declarações de matricula deverão ser enviados até a próxima sexta-feira (27) para: Senad – Ministério da Justiça – Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Anexo II, Sala 205, CEP 70.064-900, Brasília/DF. Maiores informações poderão ser obtidos pelo e-mail concursos.senad@mj.gov.br ou portal www.obid.senad.gov.br

Fonte: Ministério da Justiça

domingo, 8 de abril de 2012

Maravilhas de Alice

“Não criança, você não pode recortar esta fotografia de festa”. Meu álbum de casamento estava aberto sobre o bonito tapete de flores de lã, feito com muito carinho pela minha mãe quando Alice ainda era um bebê. Ao seu lado o caderno de desenho, diversas revistas e uma menininha de óculos cor-de-rosa, com uma tesoura na mão, observando com atenção alguma coisa na página: “Mamãe, eu queria comer um docinho desses aqui! Que pena que eu não estava lá! Bem que poderia existir uma passagem para o mundo da imaginação... ”.

Quanta criatividade! A liberdade do processo mental infantil é mesmo uma maravilha. O lúdico, a sinceridade e a simplicidade com que transformam a realidade é um mistério para a maioria da população dita adulta. Alice tem uma energia imensa. Por vezes esqueço que só tem cinco anos, principalmente quando me lança seu olhar petulante e ousado.

Tudo nela é intenso e, por diversas vezes, deixa seu interlocutor obnubilado. Nasceu em 30 de outubro e em novembro já pergunta sobre o próximo aniversário. Com ela não tenho nenhum tipo de saudosismo: vivo sua infância como se fosse a minha.

Sempre que estou com ela sinto uma emoção indescritível. Uma forte alegria, cheia de amor e respeito por aquela pessoinha tão especial. Quanto chego em casa ela grita e corre para me receber com um abraço. Pula e se larga, numa atitude de confiança extrema, sabendo que não vai cair ou se machucar.

E todos os dias ela tem alguma novidade: o jogo da socialização do recreio, o sexo da tartaruga, a nova música da aula de dança, o destino da nossa próxima viagem de férias. Outro dia ela fez a maior mobilização na escola por causa da Luiza, que é evangélica e não podia pular Carnaval com os outros coleguinhas.

Por causa dela sei que não estou neste mundo a turismo. Ela veio me ensinar o despego ao que não tem valor real, o olhar holístico do mundo, a importância da fraternidade e da harmonia no lar, a reprovação da rotina e do comodismo. Nada é consuetudinário. Não existe nenhum paradigma que não quebre por ela.

Ofereci uma cocada ao invés dos docinhos finos do casamento, já sabendo que ela não iria comer. Olhamos juntas as revistas e terminamos de recortar as figuras festivas. Ela quis me propor que eu escrevesse todas as legendas, mas contornei a situação: “Assim que você escrever tudinho, com letra cursiva, faremos um cineminha aqui no quarto e você escolhe o DVD”. Ela abriu um sorriso de derreter iceberg e gritou: “Oba! Veremos Barbie Moda e Magia”.

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Trabalho da Ufal. Cada aluno deveria produzir um texto de até 30 linhas utilizando 50 palavras escolhidas pela turma.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Fórceps

Mais um das criações para o "Escrever pra que?".
Em setembro do ano passado, visitamos a mostra "Incetisismo", lá mesmo no  Sesc Centro. Era uma exposição individual do artista visual alagoano Allan Monteiro, que reunia esculturas feitas em ferro, resina, massa plástica e outros materiais. 
Na entrada havia um cartaz que fotografei. Não li nada sobre o artista e o estilo. Não fotografei as peças para que escrevesse apenas o que senti na hora. Sem rever e reavaliar.


Fórceps

Eu olhava e só via desespero. Não: angústia, medo, dor, solidão, terror, espanto, loucura. Desesperadamente intensos em fluidez contínua. Mesmo os intervalos não pareciam pausas, pois no espaço aparentemente vazio o grito, mudo, ecoava.

Parei, olhei e falei. Dos olhos à boca sem filtro: “- O desespero era tanto que explodiu a cabeça para poder sair!”. Envergonhada ante os olhares de estranheza dos colegas, me desculpei e prossegui, calada, mas torcendo pra alguém me perguntar alguma coisa, pois minha língua estava doida para fugir da boca e colocar pra fora pelo menos a metade das coisas que povoavam a minha cabeça. Antes pela boca que pelo topo do crânio.

Era um tipo de latrina. Ou um calabouço. Um híbrido de privada e masmorra. Um espaço onde ele expeliu, de uma forma ou de outra, uma tormenta avassaladora. Seus monstros deviam ser grandes e terríveis. E ele deu descarga. Alguns eram invisíveis e saíram pela boca, ou abriram caminho à força, explodindo uma cabeça torturada de diversas maneiras, por várias vezes. Havia ainda os que foram paridos em agonia, ou aguardavam a sua vez, ondulando em pêndulos de crisálidas improváveis.

Ele deve ser existencialista. Não quero pensar que seja alguém consumido pela depressão. De qualquer forma, percebi sua angústia de sentir um conteúdo crescente num continente limitador. A impotência de sua condição humana à mercê de um mundo castrador e de uma imaginação desenfreada. Quais teriam sido suas escolhas para que chegasse até ali? O que ele teria feito com a sua liberdade para que sua existência fosse de conflito e fuga? Que experiências e relacionamentos colecionou em sua existência que justificassem tudo aquilo?

Não consegui dar uma face ao criador analisando suas criaturas. Pior, não consegui captar a beleza que existe em toda obra de arte. O grotesco e o horror, para mim tem de beleza apenas a ausência. Também não fiz grandes aquisições intelectuais. Encontrei ali uma representação plástica do desespero.  Talvez fosse a terapia do artista. De saldo, a alegria, o alívio e a certeza de não me reconhecer em nada, e a esperança de não termos nada em comum.

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